Entrevista exclusiva com a autora M.Sardini, sobre o processo criativo envolvendo o seu mais recente livro, As Vozes Sombrias de Irena.
AVEC- Por que escolheu essa época e lugar para ambientar a história? Pode falar um pouco a respeito?
M. SARDINI- Eu tinha uma ideia muito abstrata que eu gostaria de escrever, inspirada em histórias de mulheres da minha família, mas não conseguia trazer a ideia pra algo mais concreto. Remoí isso por alguns meses, até que fiz uma viagem para a cidade de Brno, na República Tcheca, e, conversando com pessoas locais, começamos a contar nossas lendas e mitologias uns pros outros. E foi quando me contaram sobre as rusalkas. Segundo um tcheco que conheci, elas eram “entidades feministas”. E então fui pesquisar mais a respeito e achei que caiu como uma luva para o que eu estava procurando. Aí resolvi ambientar nessa cidade e país para aproveitar a mitologia eslava.
1988 foi um ano escolhido para não ser muito distante, muito antigo, mas eu queria um período mais ditatorial, e nessa época a Tchecoslováquia estava ocupada pela União Soviética.
AVEC- Você pode falar sobre os principais temas que permeiam o livro?
M. SARDINI – Acho que, apesar de envolver um sobrenatural, o livro gira em torno do drama familiar das personagens. É quase um drama horror (não sei se isso existe haha). Os principais temas envolvem o feminismo (rivalidade feminina, empoderamento feminino, o valor da mulher na sociedade apenas diante do casamento e da maternidade, etc) e a violência doméstica.
AVEC- Quais as suas principais referências na construção da obra?
M. SARDINI- Milan Kundera, principalmente o livro “A Insustentável Leveza do Ser”.
Também me inspirei um pouco no tato do livro “A Pequena Sereia e o Reino das Ilusões”, da Darkside.
O livro “Eva Luna”, de Isabel Allende. Também tenho muito como referência a autora nacional Paula Febbe. Não só nesse livro, como em muitas coisas que eu escrevo. (: