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Vagner Abreu , redator do Dínamo Studio e  participante do podcast ArgCast entrevistou Leo Lopes, autor do livro Rio:Zona de Guerra da AVEC Editora. Confira a entrevista:

 

Vagner Abreu:Gostaria de começar essa entrevista pedindo para que você se apresente e conte um pouco de sua história para os leitores que estão lhe conhecendo agora. Como se interessou por escrever?

Leo Lopes: Meu nome é Leo Lopes, 38 anos, sou casado há 11 e tenho um filho recém-nascido de 3 meses. Possuo duas formações: em publicidade, quando era bem novo, e em direito, já depois dos 30 anos. Apesar de ter OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), advogo pouco e continuo trabalhando com marketing.

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Me interessei por escrever bem cedo, por volta dos meus 16 anos. Não eram propriamente livros ainda, mas histórias que eu iria utilizar nos jogos de RPG (Roleplay Games) com meus amigos. A parte mais divertida pra mim sempre foi criar os personagens e as descrições das cenas para os jogadores. Acho que uma cena bem descrita faz toda diferença na hora do jogo, envolvendo os jogadores na história e atiçando a imaginação deles. Esse é o verdadeiro papel do mestre de jogo.

Com o passar dos anos foi ficando cada vez mais difícil arrumar tempo pra jogar e o meu grupo se dispersou um pouco. Mas o problema é que as histórias continuavam brotando na minha imaginação. O jeito foi colocar no papel. O RIO: Zona de Guerra era uma história que eu tinha na minha cabeça desde os 16 ou 17 anos.

 

VA: Por que a escolha de um universo cyberpunk? Quais obras desse subgênero da ficção científica te influenciaram? Quais seus autores preferidos?

Leo: Vagner, eu podia dizer que foi uma coisa programada, que fazer ficção cyberpunk era o meu objetivo com esse livro, mas seria mentira. Pra ser completamente sincero eu nunca tinha pensado no livro nesses termos. Eu simplesmente tinha uma história na cabeça que mostrava um futuro meio caótico em função das desigualdades sociais que são tão presentes e visíveis numa grande metrópole como o Rio de Janeiro.

A primeira pessoa a chamar meu livro de cyberpunk foi o grande amigo de adolescência Márcio Fiorito, desenhista de primeira e uma pessoa engajada no universo “quadrinhos/rpg/nerd/coisas-malucas-que-vão-além-da-minha-compreensão”. O Márcio, além de um grande artista, é uma enciclopédia viva de tudo o que acontece nesses mundos de fantasia que nós adoramos. Ele e o meu irmão Eduardo Lopes foram os primeiros a lerem o livro inteiro e a me darem força pra procurar uma maneira de publicar. Logo que eu publiquei o livro na plataforma Kindle, da Amazon, ele começou a divulgar e usar o termo cyberpunk pra descrever do que tratava a história pros amigos.

Eu já conhecia o termo, obviamente, mas foi uma surpresa pois nunca tinha pensado na minha história como sendo cyberpunk. Quando reli meu livro já com essa ideia na cabeça foi que eu me convenci que era exatamente o que eu tinha feito: uma história que se passava num futuro relativamente próximo, nos primórdios de uma civilização cyberpunk, com a sociedade já distópica mas com a tecnologia ainda engatinhando no que diz respeito à fusão com o ser humano (se bem que há uma cena com uso de nanotecnologia que eu gosto muito).

Sobre as obras desse gênero específico que me influenciaram eu poderia citar o Never Deal with a Dragon* (Robert N. Charrette) e o clássico Neuromancer** (William Gibson) que é o clássico cyberpunk, mas não são os meus preferidos. Apesar de não ser exatamente cyberpunk, eu gosto mesmo é de histórias como as do Isaac Asimov. Nelas você vê todo o embate da humanidade com suas próprias criações e a presença de corporações superpoderosas. Além disso, têm as Leis da Robótica, que são ao mesmo tempo fantasticamente simples e bem construídas, mas uma fonte inesgotável de paradoxos que geram histórias incríveis.

*Nota do editor: “Never Deal with Dragon” foi publicado no Brasil com o título de “Não faça acordos com o Dragão” primeiramente pela Editouro e em seguida pel Devir. É o primeiro livro da trilogia de romances do Shadowrun, o mais popular RPG com temática cyberpunk.
** Neuromancer (1984) é considerado primeiro o romance de ficção científica a introduzir conceitos do que seria um cenário cyberpunk.

 

VA: E quanto a outros de gêneros de literatura. Quais os autores preferidos? Que outras mídias (filmes, games, quadrinhos) lhe são referências? Cite algumas.

Leo: Gosto de qualquer tipo de história de fantasia e ficção bem contada. Não interessa se puxa mais para o lado ficção científica, fantasia medieval clássica ou terror. Se for bem narrada, seja qual for a mídia, estou dentro.

Na literatura, no momento, estou tendo um caso de amor e ódio com os livros do Patrick Rothfuss. Amo os livros, odeio o tempo que ele demora para escrevê-los. Já li e reli O Nome do Vento e O Temor do Sábio algumas vezes. Não satisfeito, comprei os áudio livros em inglês, lindamente interpretados pelo Nick Podehl*, que eu não conhecia até então. O problema é que o terceiro livro The Doors of Stone, ainda sem título em português, não é lançado nunca… Maldição, Rothfuss!!!

 

Gosto muito dos livros do Stephen King, que fazem você escutar barulhos pela casa e acender a luzes no caminho para o quarto na hora de dormir. Também gosto de uma série de livros de uma autora chamada Tess Gerritsen que escreve livros de mistérios com foco na medicina forense. Tem uma série de TV baseada nas duas principais personagens do universo dos livros dela (Rizzoli & Isles), mas eu não consegui assistir ainda pra recomendar ou dizer se acabaram com os personagens.

Nas telas de TV e cinema eu gosto de qualquer coisa “capa e espada”, com cara de jogo de RPG de fantasia. A série Game of Thrones parece uma unanimidade e uma das poucas adaptações que, ao meu ver, se comparam aos originais literários, principalmente pelo carisma dos atores (impossível não gostar do Tyrion Lannister). Meus longas preferidos não são filmes épicos de grande orçamento, como O Senhor dos Anéis, mas dois da antiga, cuja maior qualidade está nos roteiros: O Feitiço de Aquila e Conan** (o primeiro, com o Swachzeneger). Nota do Autor: Pro pessoal mais novo que não viu o primeiro filme do Conan**: atenção ao monologo de abertura do pai do Conan explicando o segredo do aço. Aquilo é uma senhora cena de abertura.

Quadrinhos… Essa é complicada. Gostei muito durante minha infância e minha adolescência. Lia tudo, de Batman a Superman; de Spider-man a The Avengers; de X-men a Alpha Flight; de Swamp Thing a Ghost Rider. Adorava, consumia as revistas seriadas e as graphic novels, mas aí vieram os arcos, os reboots e as famigeradas mortes com data marcada pro retorno. Isso acabou com os quadrinhos para mim. Aí fiquei um tempo afastado e, sinceramente, hoje tenho dificuldade de acompanhar o que está acontecedo. Cheguei a ler alguma coisa do arco Ultimate*** da Marvel, mas não consegui me aprofundar. Os únicos quadrinhos que tenho lido ultimamente são os de uma série completa do Conan emprestada pelo meu irmão.

Nos games, qualquer coisa que seja ou se pareça com RPG. Comprei um Xbox One ao invés de pular do meu PS3 (Playstation 3) para um PS4 (Playstation 4) e estou gostando do console da Microsoft. Matei aquele Rise em pouco tempo (bons gráficos e história, mas a jogabilidade deixa um pouco a desejar). Estou jogando o Assassin’s Creed: Black Flag e tenho que dizer que é o melhor da série. Sinto muita falta do meu Elder Scrolls V: Skyrim, já que o meu PS3 deu a famigerada yellow light of death****. Aguardando o The Elder Scrolls Online, mas tenho uma certa reserva em relação a ter que pagar mensalidade para jogar.

* Nick Podehl é um premiado narrador de audio livros que já gravou vozes para comerciais e video games.
 ** O autor se refere ao filme Conan: O Bárbaro (1982).
 *** Ultimate foi uma linha editorial criada no ano 2000 que recontou as origens dos principais personagens da Marvel para facilitar o acesso de novos leitores aos quadrinhos da editora.
 **** Yellow light of death (YLOD) é um termo que em português significa literalmente “Luz Amarela da Morte”. É um led que identifica um erro fequente no console da Sony.

 

VA: E por que o Brasil, ou melhor, o Rio de Janeiro seria um bom cenário para uma aventura “cyberpunk”?

Leo: O Rio tem tudo para uma boa aventura cyberpunk. Diversidade cultural, malandragem pulsando nas ruas, um caos urbano completo e, principalmente, um contraste enorme de níveis sociais. Você pode estar caminhando a pé num bairro onde o valor do metro quadrado é de dezenas de milhares de reais e com 15 passos começa a subir uma favela.

A geografia do Rio de Janeiro combinada com décadas de descontrole de planejamento da expansão da cidade e a presença das facções criminosas é completamente cyberpunk. Imagine uma aventura de cyberpunk ambientada nos labirintos formados pelas vielas de uma das enormes favelas da cidade, em que os personagens têm que lidar com os interesses das facções criminosas, da polícia e de corporações agindo nas sombras para vender armamentos para os dois lados…

 

VA: É possível fazer paralelos entre o livro “RIO: Zona de Guerra” com os recentes protestos e demais acontecimentos de revolta popular visto nos noticiários dos últimos anos? Você se utilizou de alguma metáfora ou alegoria?

Leo: Eu escrevi o livro muito tempo antes desses acontecimentos. Apesar de ter acabado a primeira versão dele em 2010, comecei a escrevê-lo muitos anos antes. É claro que quando eu vi os protestos acontecendo, logo fiz o link na minha cabeça e pensei: “Nossa, isso não é muito diferente do que acontece num determinado momento do livro”.

Apesar de não ter uma relação direta, acho que o resultado é até óbvio. Uma hora o ponto de ruptura acontece pra toda sociedade com os tipos de problema que temos. É impossível viver assim indefinidamente sem acontecer algum tipo de revolução. Espero que no nosso caso, diferente da ficção, seja uma revolução pacífica.

 

VA: “Fronteira”, “Polícia Corporativa”, “Zona de Guerra” e demais nomes são termos criados por você para dar identidade a obra. Quais as ideias por trás desses nomes? Quais outros nomes que acha interessante? 

Leo: Como muitos outros nomes, são palavras de uso comum, que colocadas dentro do contexto da ficção que eu criei ganham um peso que normalmente não teriam.

Usamos “fronteira” toda vez que viajamos e atravessamos de uma determinada região demarcada para outra, às vezes nos submetendo às leis de outros países, sem nenhuma conotação ruim, mas quando aplicada numa ficção, onde a separação de classes dentro do nosso próprio território é o principal argumento da história, isso ganha contornos dramáticos.

O “Zona de Guerra”, na verdade, eu não lembro de ter conscientemente criado. Surgiu logo no primeiro capítulo quando eu narrava as dificuldades que o Bastião – um dos personagens – passava para chegar ao trabalho todos os dias antes de conseguir um passe permanente. Percebi o nome ali quando estava relendo a primeira parte e acabou virando o nome do livro. Acho que é aquele tipo de coisa que nós damos nome e falamos antes de pensar sobre o que estamos fazendo. Um apelido tão literal que chega a ser irônico. As cidades estão cheias deles: Buraco do Padre, Paciência…

Dos três que você citou, acho que o nome “Polícia Corporativa” soa como o mais inocente, mas é o mais perigoso. Você poderia dizer “Milícia Corporativa” que daria no mesmo. Imagine ter a sua segurança garantida por uma instituição cuja principal obrigação não é defender você, mas os interesses e objetivos de uma instituição particular. Perigoso, mas não muito longe do real. Se você imaginar que num bairro como a Barra da Tijuca cada condomínio tem a sua segurança particular – algumas delas com homens fortemente armados – verá que não é algo impossível de acontecer. Será que toda essa segurança particular seria necessária se o Estado cumprisse sua obrigação de garantir segurança para todos?

VA: Nos primeiros capítulos de “RIO: Zona de Guerra”, notamos que a população leva um estilo de vida decadente. Tem uma alimentação péssima e carreiras que apenas reforçam um sistema de trabalho autodestrutivo. Por que é importante à obra que o futuro seja dominado por uma sociedade decadente?

Leo: Eu acho que o bacana da ficção é essa capacidade de trabalhar com os extremos. O que o livro faz é pegar um cenário de desigualdade social que existe em todos os níveis – legal, político, econômico –, além de todos os preconceitos velados que todos conhecemos, e elevar à enésima potência.

Imagine um filme catástrofe onde o roteirista escolhe um tema. Pode ser uma viajem de barco, um vulcão ou o clima. Ele pega esse tema e se pergunta: O que de pior poderia acontecer? O RIO: Zona de Guerra é isso: Uma catástrofe social. O destino final se todas as escolhas que fizermos como sociedade forem as erradas.

 

VA: Algo que aconteceu na sua vida pode ter sido reproduzido em “RIO: Zona de Guerra”? Quais partes da narrativa podem ter vindo de sua experiência de vida?

Leo: Guardadas as devidas proporções que eu mencionei na resposta anterior, acho que não se trata nem da minha experiência de vida. É parte da experiência de vida de qualquer um que vive no Rio de Janeiro ou em qualquer grande metrópole do mundo.

Recentemente tivemos mais um caso de uma pessoa que foi arrastada por um veículo por centenas de metros, dessa vez um carro de polícia. Certamente não fui só eu que percebi que a repercussão foi bem menor do que na primeira ocasião. Essa capacidade de nos acostumarmos com o que é ruim, de passarmos a ver esses acontecimentos como algo rotineiro, é um sintoma chocante. Todos estamos submetidos a isso.

 

VA: O que é a “Zona de Guerra”? Qual local geográfico ou acontecimento motivou o surgimento dessa área?

Leo: A “Zona de Guerra” surgiu dessa percepção de que existem áreas mais beneficiadas que outras por um determinado governo. Isso não é uma característica só do Rio, mas de qualquer grande metrópole. Obviamente, é uma característica ruim, já que um governo deveria visar o bem comum e usar os recursos de maneira a estendê-lo a todos.

A Barra da Tijuca foi escolhida para ser a área das megacorporações por causa de sua geografia e porque se transformou radicalmente nos últimos 15 ou 20 anos, recebendo investimentos massivos e uma forte migração de sedes de grandes empresas do Centro para o bairro.

No livro, a “Zona de Guerra” é qualquer local fora da Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes, que são cercados por uma intransponível muralha. Fora desses domínios, não há ação do Estado nem de nenhuma outra força reguladora, imperando o poder das gangues.

VA: Como você chegou à conclusão de que o Rio do futuro será controlado por megacorporações? E por quê, na obra, o país é controlado por elas?

Leo: Na verdade não cheguei a essa conclusão. Eu sou um otimista de carteirinha. Acho que melhoramos muito como país e vamos continuar melhorando, mesmo que não na velocidade desejada…

Essa visão de que o Rio de Janeiro e todas as outras grandes metrópoles mundiais são controladas por megacorporações é uma extrapolação dos problemas gerados pela concentração de poder nas mãos de poucas empresas.

Todos os países têm preocupações a esse respeito, tanto que em cada um deles há órgãos específicos para impedir que as empresas se tornem “grandes demais” ou sem concorrência.

Algumas empresas possuem orçamento maior do que pequenos países e investem pesado tanto na espionagem entre elas quanto na eleição de políticos para defenderem seus interesses. Será que hoje já não somos controlados em algum grau?

 

VA: Elas [as megacorporações] parecem ter mais poderes que o Estado. Isso é proposital ou parte do estilo literário? Qual a extensão do poder das corporações?

Leo: É proposital. Visa gerar uma reflexão, além de ser uma boa história. No livro, o poder das corporações é total. O Estado “jogou a toalha”; o legislativo é um consórcio de corporações; o judiciário é formado por advogados corporativos, promotores corporativos e juízes corporativos; o executivo é composto pelas próprias corporações, inclusive no que diz respeito ao poder de polícia que divide a área da fronteira em regiões patrulhadas por polícias corporativas específicas.

A palavra “corporativismo” ganha uma nova dimensão, não?

 

VA: Por que você colocou gangues e batalhas entre elas e a Polícia Corporativa no livro?

Leo: O embate entre o poder constituído e o poder paralelo da criminalidade é uma realidade do cotidiano do carioca. Não poderia ser diferente. É uma coisa que vivemos há décadas, muitas vezes com conivência dos próprios governantes, e que só há pouco começou a ser verdadeiramente combatida.

Se isso ocorre em áreas onde o poder público é atuante, imagine em locais onde, na ficção, o poder constituído desistiu de estar presente. Passa a imperar somente a lei da força. O grande problema é que, depois de instalados, esses poderes paralelos passam a ser extremamente difíceis de serem extintos. As batalhas vêm daí, da tentativa de incursões pontuais de um poder no território do outro.

VA: O que é importante pensar ao se criar mecanismos tecnológicos que irão pertencer a uma obra futurista?

Leo: Eu tento passar no livro a maneira como eu vejo a tecnologia no nosso cotidiano: Uma mistura de coisas surpreendentemente inovadoras e outras meio decadentes. Se você parar para reparar ao seu redor, na sua casa ou trabalho, vai ver que coisas extremamente avançadas dividem espaço com outras extremamente ultrapassadas, mas que insistem em sobreviver nas nossas vidas.

As pessoas provavelmente vão reparar na ausência de equipamentos de comunicação portáteis e o uso de conexões físicas ao invés de tecnologia wireless. Como qualquer previsão na área de tecnologia na ficção, é simplesmente uma aposta.

Minha linha de raciocínio é que as megacorporações e todos os corporativos são extremamente desconfiados e meio esquizofrênicos. O personagem Bruno Feuer, um corporativo clássico da história, é um exemplo disso. Ele não confiariam em nenhum tipo de tecnologia que possa ser interceptada, preferindo uma ligação direta, cuja autenticidade que possa ser verificada através de biometria e DNA.

Na área da interação entre homem e máquina eu aposto numa coisa mais discreta do que o que vemos na ficção científica usual. Acho que nanotecnologia e manipulações genéticas vão acabar sendo mais comuns do que braços prateados e implantes cibernéticos à mostra. O ser humano é muito preocupado com a própria aparência para isso.

 

VA: “Informação é poder”. Em RIO: Zona de Guerra essa máxima parecer ser levada a sério pelas autoridades, as megacorporações, os rebeldes e as pessoas comuns que apenas desejam “viver um dia a mais”. Comente sobre a importância do acesso a informação nesse cenário.

Leo: A circulação livre de informação é o que define se você vive numa democracia ou numa ditadura. O grande truque das megacorporações é manipular a informação para gerar duas percepções diferentes da realidade: a ilusão para o morador da fronteira de que ele é livre e especial; e a esperança para o morador da “Zona de Guerra” de que ele pode ascender socialmente e atravessar a muralha para uma vida melhor.

Em um determinado capítulo, Freitas, o personagem principal, consegue subverter o sistema e usá-lo a seu favor. Sabendo de como as corporações agem, ele toma uma atitude bem em frente a uma câmera por saber que mais tarde aquilo vai gerar uma notícia manipulada que ele sabe que vai beneficiá-lo.

Saber conseguir e usar a informação é essencial para a sobrevivência no universo de RIO: Zona de Guerra.

 

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VA: Gostaria de fazer algumas considerações finais aos leitores que estão lendo ou irão ler “RIO: Zona de Guerra”?

Leo: Espero que vocês gostem do livro simplesmente por causa da história que ele conta e dos personagens que ele apresenta, mas se RIO: Zona de Guerra conseguir gerar algum tipo de reflexão, mesmo que breve, aí sim eu estarei completamente satisfeito. Boa leitura.

O autor criou um blog para discutir o livro RIO:Zona de Guerra. Se você gostou da ideia dessa obra e deseja bater-papo com o Leo e demais fãs não deixe de visitar: http://riozonadeguerra.wordpress.com/

Créditos:

Entrevista por Vagner Abreu
Redator do Dínamo Studio e assessor de imprensa editorial.

*Imagens retiradas da Internet.