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“Nas mesas de pôquer de Brasília o adversário de Paulo aposta muito mais do que fichas.” 

alexandre2014Alexandre Cabral é graduado em Comunicação Social e Direito. Seu conto, “All In”, para a Coleção Sobrenatural: Vampiros tem fortes influências de Drácula, Anne Rice e um título que conquistou centenas de brasileiros… o RPG Vampiro: A Máscara.

O autor concedeu essa entrevista para a Avec editora em que revelou suas influências e trouxe uma grande novidade para o fã old school de vampiros… O imortal despertou.

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Vagner Abreu: Quais obras que mais lhe influenciam a escrever textos sobre terror, horror ou histórias de vampiros?

Alexandre Cabral: Todos os que apreciam o gênero sobrenatural e a temática vampiresca em especial deveriam citar, por dever de ofício, o livro “Drácula”, do irlandês Bram Stoker.

Parece algo óbvio, mas, como dizem, poucos e privilegiados enxergam o óbvio. Considerando a produção recente (cinematográfica, por exemplo) acho que faz muito bem ao gênero, revitaliza-o de fato, beber na origem, se me permite o duplo sentido.

Além do clássico, no meu caso preciso incluir o famoso Role Playing Game (RPG) Vampire: The Masquerade(Vampiro, a Máscara, no Brasil.)

Seja pelo conteúdo e referências dos livros da série original que permite aos jogadores e Narradores interpretarem aventuras com vampiros na era moderna, seja pelo fato destas serem ambientadas em grandes cidades, territórios de caça dos vampiros, Vampire: The Masquerade trouxe conceitos que sem dúvida influenciaram muito meu conto, “All In”, que integra essa nova coleção da editora Avec.

 

Vagner: Para você, quais elementos não podem faltar em uma história de vampiro?

vamp Alexandre: Há diversos elementos narrativos que precisam existir numa trama vampiresca.

Primeiro, de alguma forma delimitar quem são eles e o que podem fazer: temem símbolos religiosos ou não, são capazes de dominar mentes, possuem força e rapidez sobrehumana?

Depois é interessante sinalizar quantos são os vampiros, muitos, há uma epidemia, ou poucos, reclusos?

Por fim, estabelecer onde está o conflito na trama: existe uma guerra entre vampiros (ou facções deles), há um caçador ou caçadores envolvidos, existe uma pessoa amada por um mortal e um imortal em disputa?

Tudo isso é importante e define cenário, ambientação e narrativa. São características que estarão presentes do enredo mais tradicional ao conto mais inventivo. Penso, porém, que o indispensável é a presença do ser humano mortal, do protagonista (ou antagonista?) “comum”, que se vê confrontado pela existência da criatura da noite.

O vampiro, como elemento dramático, ganha muito com esse contraponto do humano, tenha a sua caça sucesso ou não em enfrentá-lo no curso da trama.

Claro que se pode escrever uma história onde o vampiro confronta outros de sua espécie ou diferentes seres sobrenaturais (tema, aliás, onde o abuso pode facilmente descambar para o ridículo).

Contudo, mesmo nessas tramas, se não em coadjuvantes mortais explicitamente, implicitamente estará presente em algum personagem o contraponto caçador e presa, sempre com a possibilidade da noite ser favorável a um ou a outro.

 

Vagner: Faça uma análise do atual leitor do Brasil: Por que você acredita que o público brasileiro possa se interessar por contos de vampiros?

A-batalha-do-apocalipseAlexandre: Após décadas sendo subestimado pelas editoras nacionais, finalmente o leitor brasileiro de ficção, fantasia e horror vem ganhando mais visibilidade e produção dedicada a ele, tanto a traduzida quanto a nacional.

O sucesso de livros como a série Guerra dos Tronos, de George R. R Martin, e de autores brasileiros como Eduardo Spohr (de A Batalha do Apocalipse) comprova esse momento.

Histórias sobrenaturais fazem parte até do folclore mais arraigado brasileiro, vejam-se os lendários “lobisomens” de todo interior do nosso país. Por todas essas razões, não tenho dúvidas de que uma coletânea como essa contará com muitos leitores no Brasil.

 

Vagner: Para você quais alegorias ou metáforas os sanguessugas podem simbolizar para os leitores modernos?

Alexandre: A mesma de sempre: a imortalidade, como qualquer grande desejo (ser muito rico, muito famoso, muito desejado pelo sexo oposto) tem um preço, jamais barato ou pago sem sacrifício.

Em toda trama de vampiro há a noção de que quando se atinge poder e “vida eterna” ainda assim falta alguma coisa.

Falta a mulher amada, ou paz de espírito, ou poder visitar sua terra natal, enfim, em cada trama vampiresca há a ideia de frustração.

Na era atual, onde o sangue do nosso dia a dia a manter-nos vivos na sociedade globalizada é o consumo, o vampiro é uma alegoria para o fato e que a nossa “sede eterna”, ou seja, o desejo eterno é algo que não se sacia e portanto incapaz de por si só trazer verdadeira felicidade.

 

Vagner: Segundo o seu ponto de vista, quais povos ou nações (da antiguidade ou da era moderna) que mais contribuíram para a mitologia vampiresca e quais são os que mais lhe servem como referencial?

Alexandre: Cito de modo geral e em primeiro lugar a Europa Oriental e o Reino Unido, onde as grandes tramas vampirescas parecem sempre resvalar, tenham uma ambientação medieval, vitoriana ou mesmo contemporânea.

O “Velho Mundo” ocidental tem o DNA dos vampiros, mesmo com as muitas referências sempre fortes a um passado egípcio ou mesopotâmico que também integram o mito.

Justamente por isso, aliás, e por serem tão antigos, acho válidos os contos e romances que trazem o “mundo vampírico” para os outros continentes, afinal, onde as presas seguirem e povoarem, ali também estarão os predadores…

 

Vagner: Agora que terminaram praticamente todas as séries de TV, filmes e livros sobre vampiros afeminados que só …“mordem pescoço” depois do casamento. Como você acredita que será a próxima geração de histórias sobre vampiros? É possível haver um resgate daquele monstro sinistro vitoriano?

 

entrevista-com-vampiro-poster011Alexandre: Acho que haverá esse resgate do vampirismo encarado da forma original, sim, até por uma questão de se ter de variar a fórmula para as grandes massas.

O cinema, que já produziu um bom Entrevista com o Vampiro, parece sinalizar esse curso agora, retomando o interesse pela obra de Anne Rice.

Todavia, penso que se abrem ainda mais novos leques. A TV, com a série True Blood, mostrou que novos enfoques contemporâneos, sensuais e violentos, são palatáveis e comerciais, sem que se precise transformar a trama por completo numa aventura de High School norte-americana.

Quanto à literatura, isso já ocorre no exterior, apesar de alguma influência da geração que poderíamos chamar jocosamente de “vampiros de milk shake” também na produção literária mais recente.

Fato é que a Coleção Sobrenatural da Avec reflete bem, nesse primeiro título, aquilo que todos já desconfiamos: o mito tradicional não morreu, no máximo hibernou. E quando acorda, desperta com muita sede.

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capaIh… Deu Medo! O bom e velho vampiro tradicional despertou e agora irá recuperar o espaço que perdeu no cinema, TV, quadrinhos e livros. E que ganhará com isso? Somente os fãs.

A Avec editora, junto com as recentes produções literárias sobre os mortos-vivos, podem estar antecipando o despertar daquele vampiro que deixou muitos leitores desejosos por saudades.

Então, prestigie a fantasia nacional adquirindo o seu exemplar do e-book Coleção Sobrenatural: Vampiros na Amazon por R$ 18,90.

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Crédito da Entrevista: Vagner Abreu, Assessor de Comunicação.